A guerra comercial entre Estados Unidos e China teve novos desdobramentos durante o feriado de Carnaval no Brasil, resultando em uma retaliação da China, que impôs tarifas de 10% a 15% sobre produtos agrícolas norte-americanos, incluindo a soja. De acordo com informações da Safras & Mercado, essa ação foi uma resposta às novas tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Essa movimentação pode direcionar a demanda chinesa para a América do Sul, especialmente para o Brasil, que é o maior fornecedor global de soja. Rafael Silveira, analista e consultor da Safras & Mercado, afirma que “com a nova tarifa, a soja dos Estados Unidos se torna menos competitiva no mercado internacional, desestimulando as compras chinesas e favorecendo, principalmente, os negócios com o Brasil”. Ele também destaca que a China tem buscado diversificar seus fornecedores para garantir seu abastecimento no mercado sul-americano.
Embora grande parte das compras sazonais entre China e Estados Unidos já tenha sido realizada, Silveira observa que a redução da demanda chinesa pela soja norte-americana pode resultar no aumento dos estoques nos Estados Unidos. “Esse excesso de estoque pode pressionar os preços na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT)”, comenta o consultor.
A China, ciente da supersafra brasileira, acredita que essa mudança de estratégia será ainda mais eficaz. “Ao reduzir as compras de soja dos Estados Unidos, Pequim aproveita os preços mais baixos do Brasil e garante o abastecimento de seus estoques”, afirma Silveira. Ele acredita que essa dinâmica pode pressionar os contratos futuros na CBOT para baixo, além de aumentar os prêmios da soja brasileira até o final do ano.
A comercialização da safra de soja 2024/25 no Brasil tem avançado, mas a um ritmo mais lento. Até o dia 7 de março, 42,4% da produção projetada foi negociada, conforme o relatório da Safras & Mercado. No relatório anterior, de 7 de fevereiro, esse número era de 39,4%. No mesmo período do ano passado, a comercialização estava em 36,6%. A média dos últimos cinco anos para esse período é de 48,8%. Com uma safra estimada em 174,88 milhões de toneladas, isso significa que 74,12 milhões de toneladas de soja já foram negociadas.
Perspectivas para o mercado de soja
Apesar de o ritmo de comercialização ainda estar abaixo da média histórica, isso indica que o mercado brasileiro ainda está se ajustando. As condições climáticas, a expectativa de produtividade e o comportamento do mercado internacional serão fatores determinantes nos próximos meses.
O impacto das tarifas impostas pela China sobre os produtos agrícolas norte-americanos pode aumentar a demanda pela soja brasileira, impulsionando as vendas no mercado interno.