22.8 C
Goiânia
InícioNotíciasAgronegócioTarifas dos EUA criam incertezas e chances para o agro

Tarifas dos EUA criam incertezas e chances para o agro

Medidas tarifárias dos EUA geram riscos e oportunidades para o agro brasileiro, com possível ganho em mercados como China e UE

Desde que os Estados Unidos anunciaram, em março, a intenção de impor tarifas recíprocas a parceiros comerciais, o mercado global passou a operar sob incerteza. A efetivação das tarifas em abril provocou temor de desaceleração econômica e rearranjos nos fluxos comerciais, afetando especialmente produtos agrícolas.

O relatório Radar Agro, da consultoria do Itaú BBA, aponta que commodities como café, suco de laranja e algodão podem enfrentar queda de demanda caso o crescimento global desacelere. O consumo mundial de café, por exemplo, poderia recuar 2%, ampliando o superávit da commodity para 8 milhões de sacas.

Mesmo assim, o Brasil pode se beneficiar de um cenário de tarifas moderadas. O café robusta brasileiro tende a ganhar espaço frente a concorrentes asiáticos mais taxados, como Vietnã (46%), Indonésia (32%) e Índia (26%). O Brasil recebeu tarifa de 10%, mesma alíquota aplicada a Colômbia e Honduras.

No caso do suco de laranja, o impacto é mais adverso. A tarifa adicional de 10%, somada aos atuais US$ 415 por tonelada, deve reduzir a competitividade brasileira no mercado dos EUA, que absorveu 70% das exportações em 2024. O México, isento de tarifas, tende a avançar nesse espaço.

As proteínas animais também surgem como oportunidade. O Brasil ainda é pouco representativo em países que importam grandes volumes dos EUA, como Japão, Coreia do Sul, México e Canadá. A previsão de queda de 1,1% na produção de carne bovina dos EUA em 2025 pode sustentar importações. Com Austrália e Argentina também tarifadas, o produto brasileiro se mantém competitivo.

A soja, que já registra prêmios de exportação mais altos no porto de Paranaguá, pode ampliar presença na China caso a tarifa de 145% sobre o grão americano seja mantida.

Ainda assim, a diferença de calendário agrícola favorece os EUA no último trimestre do ano, quando o Brasil está na entressafra.

No algodão, o Brasil é candidato a ocupar parte do espaço deixado pelos EUA na China, embora a necessidade de importação chinesa esteja menor este ano. A safra brasileira deve ser recorde, impulsionada pela ampliação da área plantada.

Contudo, a possibilidade de um novo acordo comercial entre EUA e China traz incertezas.

Em 2017, um pacto similar resultou no aumento das compras chinesas de produtos americanos, ainda que sem cumprimento integral das metas.

Para o agronegócio brasileiro, os efeitos das tarifas americanas, até meados de abril, apontam tendência favorável, desde que a escalada protecionista não provoque uma recessão global.O desfecho dependerá dos termos de futuros acordos entre as potências.

Nossas Redes Sociais
11,345FãsCurtir
23,198SeguidoresSeguir
Últimas
Postagens Relacionadas