Os brasileiros, infelizmente, desenvolveram uma familiaridade indesejada com golpistas e estelionatários devido à alta incidência de fraudes no país, que vão desde esquemas financeiros fraudulentos (como pirâmides de investimento e empréstimos falsos) até crimes virtuais (como phishing e vendas online fraudulentas). Essa exposição constante gerou uma desconfiança generalizada, levando muitas pessoas a questionarem propostas milagrosas e a buscarem informações detalhadas antes de realizar negócios. Além disso, impulsionou o surgimento de campanhas de conscientização e mecanismos de proteção, como registros no Reclame Aqui e consultas ao Procon.
No setor da pecuária, não é diferente. Quem não se lembra do caso do grupo Fazendas Reunidas Boi Gordo, fundado por Paulo Roberto de Andrade, que até hoje é considerado um dos maiores golpes financeiros do agronegócio brasileiro? Estima-se que os prejuízos causados por essa fraude superem os R$ 6 bilhões, afetando mais de 30 mil investidores.
Agora, o mesmo cenário de fraude parece se repetir, mas não no Brasil. Nosso vizinho Uruguai, um país famoso por sua produção de carne vermelha, está enfrentando um dos maiores casos de fraude contra investidores de varejo da história. Empresas que ofereciam aplicações financeiras no setor de gado estão sendo acusadas de enganar investidores em centenas de milhões de dólares, de acordo com uma reportagem da agência Bloomberg, publicada em 20 de março de 2025.
A pecuária é um dos pilares fundamentais da economia do Uruguai, representando cerca de 30% das exportações totais do país e consolidando sua reputação como produtor de carne bovina de alta qualidade. Com um rebanho de aproximadamente 12 milhões de cabeças em um território de apenas 3,5 milhões de hectares dedicados à pecuária, o Uruguai se destaca pela eficiência e sustentabilidade de seu sistema pastoril, baseado em pastagens naturais e certificações internacionais que garantem rastreabilidade e bem-estar animal. A carne uruguaia, reconhecida por seu sabor e maciez, é exportada para mercados exigentes como China, União Europeia e Estados Unidos, gerando receitas superiores a US$ 2 bilhões anuais. No entanto, durante 25 anos, um número reduzido de empresas arrecadou quase US$ 500 milhões de clientes em troca de participações em empreendimentos relacionados ao gado.
