A safra de milho em Mato Grosso, maior produtor do grão no país, está enfrentando uma combinação preocupante de fatores que ameaçam a produtividade e elevam os custos no campo. O clima instável, marcado por chuvas mal distribuídas, somado ao avanço de pragas como a lagarta-do-cartucho e a Spodoptera frugiperda, tem exigido atenção redobrada dos produtores.
Nos últimos meses, agricultores relataram um aumento significativo no número de aplicações de defensivos agrícolas, especialmente inseticidas, para controlar a infestação de lagartas. Em algumas áreas, o número de pulverizações dobrou em relação à média das últimas safras, refletindo diretamente nos custos de produção.
“Estamos tendo que entrar mais vezes na lavoura para controlar as pragas. O problema é que isso eleva demais os gastos, e ainda não temos garantia de uma boa colheita, já que a chuva também não está colaborando”, relata João Carlos Ribeiro, produtor na região de Sorriso (MT).
O comportamento irregular das chuvas tem dificultado o desenvolvimento das plantas e favorecido o estresse hídrico em momentos críticos do ciclo do milho. Esse cenário também pode comprometer a eficiência dos defensivos, reduzindo a eficácia do controle químico e exigindo novos manejos.
Técnicos agrícolas recomendam monitoramento constante das lavouras e rotação de princípios ativos para evitar resistência das pragas. O uso de biotecnologia, como sementes transgênicas com proteção contra insetos, também é uma alternativa que tem ajudado a mitigar os prejuízos, mas ainda não elimina a necessidade de controle químico em algumas situações.
Enquanto isso, os produtores seguem em alerta, buscando equilibrar o manejo técnico com a sustentabilidade econômica da atividade, em um dos estados mais estratégicos para a produção de grãos no Brasil.